Sunday, December 31, 2006

Em jeito de Balanço

Têm-me pedido para fazer um balanço de 2006, e näo consigo. Só sei que foi mau. Sei que foi mau e que sou feliz.

Lembram-se das balanças de 2 pratos (as originais)? Só conseguem determinar o peso de algo quando os pratos estavam equilibrados. Ora, se um ano mau me fez feliz, aonde está o equilíbrio desta equaçäo? Näo está, näo há balança que resista, logo näo há balanço para ninguém.

Pelo menos, näo nesta perspectivas. Poderei, contudo, pensar em 2006 como um balanço para 2007? Como os gajos do salto em altura, que correm 20 metros para saltar 2, e acham que estäo a fazer uma grande coisa? E o pior é que säo 2 metros a subir e mais 2 a descer, por força da lei da gravidade... Näo , acho que também näo quero esta perspectiva de balanço, em que o final é uma queda vertiginosa.

Ou seja, qualquer que seja a perspectiva, é estúpido estar a fazer um balanço até porque a perspectiva é sempre obtida olhando para trás, e se olhamos para trás corremos o risco de bater com a cabeça num poste que nos apareça â frente.
Hà um motivo pelo qual o nosso pescoço näo foi feito para rodar 360º. E o motivo é simples: Se temos que olhar para o lado e para trás, é bom haver sempre um olho virado para a frente. É importante respeitar isso (esta teoria näo se aplica a ciclopes... Mas se és um ciclope, olha para a frente porque uma vez que tens um olho no meio da testa, a visäo periférica näo é o teu forte).

Balanço de 2006?!?! Näo há que balançar, há que viver!! E säo estes os meus votos para 2007.

Beijinhos e abraços,

Tunes... Vantunes.

Wednesday, December 27, 2006

A comédia nao é fácil

Näo é todos os dias que temos o prazer de conhecer alguém com uma grande autoconfiança, alguém que gosta de dar nas vistas e que näo tem medo disso.
Aliás, quando uma pessoa quer dar nas vistas, é porque acha que vai fazer boa figura. Eu próprio, quando conheço alguém que quer dar nas vistas crio a expectativa de que aquela pessoa sabe o que está a fazer. Isto porque tenho enorme dificuldade quando quero ter piada e por isso faço ponto de honra de nunca contar uma anedota. Falho sempre , nao há volta a dar. Às vezes as pessoas chegam-se ao pé de mim e pedem-me para contar uma anedota porque se querem rir, ao que respondo sempre:

“Teràs que esperar que faça algo estúpido...”. A boa notícia é que nao costumo deixá-las muito tempo á espera.

Bom, entao quando me dizem que me vao contar uma anedota, fico sempre á espera de algo bom... Algo muito bom!! Espero sempre que seja uma pessoa que saiba o que está a fazer. As expectativas ficam no máximo e... de repente sou apanhado por piadas más... muito más... O mundo da comédia nao é fácil de todo. Do topo da montanha, ao qual chegamos com muita autoconfiança, até ao fundo do poço dista o tempo de contarmos uma anedota má.
E como somos apanhados de surpresa por más piadas, reagimos com base no primeiro instinto – Enxovalhamos!! E as pessoas ficam com má impressao, mas mais do que isso têm tendência a só ver o seu lado:
“O facto de contar uma má anedota faz de mim alguem sem piada??”. E atençao que a resposta a isto nao é assim tao linear, porque por definiçao de certeza que isso nao faz é com que alguém tenha piada...
Mas agora pergunto eu: O facto de enxovalhar alguém faz de mim um filho da mae sem sentimento?

No outro dia um senhor respeitado contou a anedota do índio que ia ver ao longe, e de um momento para o outro perdeu a sua respeitabilidade. Ele estava habituado a dar-se ao respeito, mas naquele momento deu-se ä comédia... Pois bem, a comédia engoliu-o... e cuspiu os ossinhos no balde do desrespeito.

Moral da história? Nao se dêem a uma arte que nao dominam.
Porque é que Mozart tocava, mas nunca pintou um quadro? Porque arte é arte, mas há artes e artes.

Tuesday, December 26, 2006

Catetos e hipotenusas

Como disse ontem, este Natal teve da minha parte um tratamento diferente. Nao desejei Feliz Natal a ninguém! Estou farto de errar, e como dizia o rapazinho do futebol, prognósticos só no fim do jogo. Uma pessoa assume desejos que muitas vezes nao sao para si, e depois acaba por ter que lidar com a desilusao de um voto nao cumprido:

“Epá, queria que o Barnabé tivesse um feliz Natal e afinal o gajo caíu a descer as escadas no dia 24, vestido de Pai Natal e com as prendas dos filhos às costas... resultado: Estragou as prendas que tinha comprado após recorrer a um crédito pessoal, partiu a perna, a barba caíu-lhe, os filhos viram que era ele e começaram a chamar-lhe impostor. Que se se queria mascarar de alguma coisa, que o fizesse de Pinóquio, porque também nao passava de mentiroso...”.
E se pensarmos que tudo começou com o desejo de um Feliz Natal... francamente sentimo-nos estúpidos por errarmos tao redondamente. Mais vale estar calado , e dia 26 perguntar:
- “Entao, como é que isso correu?”
- “Correu bem”
- “Fico feliz. Ja sabia mas nao disse nada porque nao queria criar falsas expectativas”.

E assim damos um ar de sapiência, ao bom velho estilo do ovo de colombo.
Aproveito para felicitar a minha professora de matemática da 3ª classe, a professora Manuela, que me contou a história do Ovo de colombo que 20 anos depois perdura na minha memória!! Só ainda nao consegui perceber o que é que ovos têm a ver com matemática. Na altura imaginei o que sentiria uma criança que estivesse a aprender a fazer uma omelete, e de repente fosse confrontada com a história do teorema de Pitágoras:
“Catetos? Hipotenusa? Eu só queria comer qualquer coisinha...”.
Mas já estou a divagar.

Enfim, até no Natal a Futurologia é desadequada.

Monday, December 25, 2006

Um Natal para si...

Este ano tomei uma decisao: Nao vou desejar feliz natal a ninguém. Nao quero saber se parece mal, simplesmente nao vou fazê-lo, Nao contem comigo para fazer viver o espírito natalício! Para já, e só para começar, há pessoas que nos desejam um feliz natal só para lho desejarem também. Como quando falamos mal de nós próprios só para alguém dizer bem...

Nunca gostei de segundas intençoes, por isso decidi que quando me desejarem um Feliz Natal, vou simplesmente agradecer. Aliás, como há pessoas que nem conheço que me desejam um feliz natal, nao me é possível retribuir. Nao conheço as pessoas, sei lá eu se vao ter um feliz natal ou nao... Em abono da verdade, nem sei se quero que tenham um feliz natal!! Posso vir a conhecê-las um pouco mais tarde e nao gostar delas, portanto porque carga de água é que lhes hei-de desejar felicidade, por mais efémera que seja? Posso vir a arrepender-me... Eu creio que o melhor é nao nos precipitarmos, porque as precipitaçoes saem caras e eu ainda nao sou rico.
Há pouco mandaram-me um SMS a desejar um Feliz Natal, e eu educadamente respondi: “Obrigado!”. E chega!!! A boa educaçao manda agradecer e retribuir , se pudermos. Eu nao pude, portanto limitei-me a agradecer.

Mas agora penso que errei. No fim de contas, o Natal é inevitável, nao podemos ignorá-lo, as pessoas vao tê-lo quer queiramos, quer nao! Portanto acho que nao há falsidade nenhuma em simplesmente desejar äs pessoas: “Um natal para ti também”. Sem adjectivaçoes desnecessárias!
Bom, mau, feliz, infeliz... Sei lá eu!!! Nao sou dono da verdade! A única coisa que sei, é que salvo qualquer imprevisto toda a gente vai ter Natal. Agora, qual a natureza desse Natal, francamente nao me diz respeito.
Portanto vamos fazer nascer uma nova saudaçao: “Um natal para ti e para os teus”.
Essa treta do feliz está a mais. O próprio Jesus quando abriu os olhos no berço recebeu um porco, uma ovelha e um boi... Nao recebeu brinquedos, como qualquer criança gosta (por mais divina que seja)... Nao, ele Recebe gado (E na altura perguntou-se se os reis Magos pensavam que tinha sido Noé a nascer... “Será que eles nao percebem que nao tenho uma arca? Aonde é que vou guardar esta bicharada?? Ainda agora nasci e a humanidade já me dá dilemas para resolver...”) !!!
Portanto de certeza que nao sentiu grande felicidade... No mínimo, sejamos solidários para com ele

Sunday, December 17, 2006

Julgamento vs Casamento

Näo sabia que existiam tantas diferenças entre um casamento no civil e um pela igreja. Mas as ditas diferenças até säo um pouco lógicas, se formos a ver bem.
Começa pelo padre. Aliás, padre só se for na cerimónia católica, porque na civil falamos, na verdade, de um juíz. E a partir daqui, tudo assume um certo padräo... Como? Bom, na cerimónia católica temos o padrinho e a madrinha, na civil estes sao substituidos pelas testemunhas. E agora vocês já imaginam aonde vou chegar com isto.
Na verdade, näo me parece que estejamos a falar de um casamento, mas sim de um julgamento. Os convidados poderäo ser o júri, que a certa altura é convidado a pronunciar-se: “Alguém tem alguma coisa a dizer que possa de algum modo impedir esta uniäo?”, que é como quem diz:

“Membros do júri, há algum motivo para a absolviçäo?”, fica tudo calado o dito juíz dita a sentença, em vez das algemas vem de lá a aliança e pronto, ambos seguem para a prisäo!! E se nenhum dos dois souber cozinhar, estäo condenados à comida de prisäo “Até que a morte os separe”.

Ocasionalmente, teräo direito a receber visitas mas nunca até tarde, e depois há a possibilidade de, por bom comportamento poderem sair em liberdade condicional com recolher obrigatório.
È incrivelmente parecido , näo? Pode residir aqui o mal do casamento... Tem uma estrutura semelhante ao julgamento. E se repararem hà là tudo, menos um advogado de defesa. Portanto... quantas pessoas defenderam o seu próprio caso e foram absolvidas? Lá está!! Hà quem interponha recurso, mas a coisa tem que ir a tribunal e é morosa e onerosa... falo do divórcio. Quase näo vale a pena, é mais fácil tentar fugir, cavar um buraco com uma colher, o chamado saltara cerca!!

Meus senhores, mudem a estrutura!! É mau Karma!!!

Friday, December 15, 2006

Formaçao

Acho engraçado o conceito de formaçäo. Näo é toda a formaçäo, mas sim a formaçäo “On the job”. Título engraçado, pomposo, mas que basicamente significa que a entidade empregadora näo está para pagar a alguém para nos dizer como trabalhar. Assim pega em nós trabalhadores e pöe-nos a olhar para a malta a trabalhar... e depois, admiram-se. Quando chegarem a um sítio e virem um gajo parado a olhar para o céu, com uma enorme fila de pessoas por atender á sua frente, das duas uma:

a) Ou está em formaçäo
b) Ou a sua formaçäo de olhar para os outros a trabalhar foi täo boa que ele já dominou esse conceito sem qualquer problema. Está a fazer aquilo para que foi formado. Olhar e ver trabalhar.

É claro que ás vezes, reparamos bem e vemos que näo está ninguém a trabalhar... Bom, lembram-se de quando estudavam para os testes e numa definiçäo ás vezes nos esqueciamos de uma palavrinha, um detalhe, um ligeiro pormenor que nos fazia perder quase metade da cotaçäo?
Neste caso é igual. As palavras esquecidas foram “para alguém a trabalhar” e por isso as pessoas ficam mesmo só a “olar para...”. É um meio certo!! E meio certo näo é mau. Tantas vezes que vi pessoal tirar positiva à custa de meios-certos... Näo havia uma resposta totalmente certa no teste, mas o meio certo salvava o dia.
Portanto lá está!!! Näo se queixem quando vos parecer que alguém näo está a fazer nada. Faz parte do processo de aprendizagem dessa pessoa.

Näo deixa, contudo, de ser irónico que a formaçäo “On the job” nos deixe na verdade “Off the job” e eventualmente, “With no job”. Promove-se desse modo a rotatividade da populaçao activa.

Wednesday, December 13, 2006

Dose Dupla

Isto tem estado parado, por isso hoje dou-vos dose dupla.

Uma pequena reflexão: Descobri hoje que sou um gajo com piada. Só posso ser. Creio não ser presunçoso quando o digo. Hoje estava a contar a alguém acerca do falecimento de outra pessoa, e essa pessoa (não a que faleceu, mas a outra) riu-se com muito gosto... Eu fiz alguém rir do falecimento de outra pessoa. E juro que, obviamente não estava a tentar fazê-lo.
O segredo para isso? Dominar com mestria 3 artes: Inflexão no tom de voz, vasto vocabulário e uma enorme cara de parvo!!! Eis o Vantunes - Wellcome back!

Mais uma de casas de banho

Eu confesso que sou daquele tipo de pessoas que respeita o sagrado tempo de casa de banho. Não gosto que entrem quando lá estou, não gosto de saber quando os outros lá vão e não preciso de saber o que vão lá fazer.
A minha máxima no que a isso diz respeito é: "Cada um que oriente a sua própria situação".
A casa de banho, para mim é como o casino: Sei que muita gente lá vai, mas não preciso saber quanto deixam lá ficar.

Há, então, expressões que simplesmente não me arrancam sorrisos:
a) "Vou mudar a àgua às azeitonas" - Está é nojenta. Ninguém que seja um verdadeiro apreciador de azeitonas. pode contemplar continuar a sê-lo depois de ouvir esta pérola. E nós temos planícies e planícies cheias de oliveiras, e exportamos azeite... o que é que os nossos clientes pensariam disto? Para mim é um desrespeito ao PIB nacional.

b) "Vou mandar um fax" - Nunca percebi o porquê desta expressão... um faz é escrito, e a não ser que alguém tenha por há bito comer jornais, não percebo o que é que se pode ler. Para além disso, um fax tem números e teclar... estas pessoas andam a carregar no quê?

c) "Vou fazer uma coisa que ninguém pode fazer por mim" - Certo, é pacífico. Mas ao mesmo tempo que ninguém o pode fazer, será menos verdade que também ninguém precisa de o saber? Pessoa A vai ao WC, que diferença me faz pensar se foi cortar as unhas ou satisfazer as suas necessidade do foro fisiológico? É informação a mais.

De onde vem esta conversa toda? Ontem ouvi uma senhora (e é sempre uma senhora) pedir para ir à casa de banho. E fê-lo de uma forma simples e educada. Mas quando estava a sair, borrou (quiçá, preparando-se para o que ia fazer) a pintura: "Sou capaz de demorar um pouco, mas vou tentar ser rápida." - Porque meu Deus????
Qual a necessidade? Um tipo começa a imaginar a situação... a coisa deixa de ser feminina. Ainda por cim vai tentar ser rápida o que provavelmente vai fazer com que venha embora ser lavar as mãos...
Partilhar nem sempre é uma virtude!

Agressivo, eu??

Pois bem, estava eu a fazer um teste, daqueles de 30 perguntas que por si só ajudama definir a personalidade de uma pessoa, quando nem 27 anos ajudaram a fazê-lo...
Dizia eu, estava portanto a fazer esse teste, quando me deparei com uma questão, que creio ser a 16ª:
"Prefere ser lobo, ou cordeiro?"...
Antes de mais, achei errado só poder ser um quadrúpede. Já que tinha de deixar de ser um homem, ao menos gostava de permanecer bípede... quanto mais não seja por uma questão de postura.
Enfim, obviamente escolhi ser um lobo, e por esse motivo foi-me diagnosticada "agressividade"... e claro que não concordei com o diagnóstico!!! É o mesmo que ir ao dentista queixar-me de dores de dentes, e ele dizer-me que tenho uma unha dos dedos dos pés encravada. O que, a não ser que eu tivesse andado a roer os pés de alguém, me parece desadequado. E eu tenho a certeza que há mais de 4 anos que não rôo os pés de ninguém.

Então se não sou agressivo, porque razão escolhi o lobo? É muito simples:
Basicamente, nunca vi carne de lobo ser servida à mesa e também não me parece que as camisolas de pêlo de lobo tenham tanta aceitação como as camisolas de lã.
Portanto, a vivência do cordeiro resume-se a ser morto, comido, transformado num novelo, tricotado e vestido... É redutor!
Quer-me parecer que o lobo é um tipo que se defende muito melhor e cuja cotação não varia na época de saldos.
Agressivo? Mas desde quando é que um tipo que não se deixa comer é agressivo? O que é feito do direito à escolha?