Monday, May 28, 2007

Racismo

Racismo... Posso dizer que nunca fui vítima de racismo. Ou então que sou demasiado estúpido para perceber quando sou vítima de racismo.

Posso dizer que vivo em Portugal, e nunca ninguém me discriminou, o que na verdade... é chato. Quando falo com malta como eu, que etnicamente pertence a minorias, eles têm sempre histórias de espancamentos, despedimentos sem razão nenhum, exclusão social, serem sentados ao pé das casas de banho nos restaurantes, etc e tal...
Entretanto chega a minha vez de falar, ficam todos a olhar para mim e eu não tenho nada para contar: Sempre que fui espancado, excluído socialmente, despedido, etc e tal... basicamente foi porque mereci!!! Eu sou um gajo que fala muito, e isso às vezes irrita as pessoas e leva-as a tomar decisões. E sempre que me sentei na casa de banho, foi porque tinha vontade. É dificil, viver com este dilema.

Na faculdade, houve uma vez que estava com malta africana, estávamos todos a falar, e eles começam a falar de como não tinham passado a gestão, que o professor tinha dito que eles isto e aquilo, enfim. Bom, chegou a minha vez e tive que lhes dizer: "Epá, manos, passei!"...
Foi o choque total e completo!!! Convocou-se logo uma reunião de emergência, reuniram-se os presidentes dos núcleos africanos e chegou-se a uma conclusão: "O professor deve ter descoberto de alguma maneira, que tu eras filho de pai branco"...
Eu olhei-me ao espelho e pensei : "Sim, ele poderá ter desconfiado". É claro que a partir dessa altura, sempre que chumbei a uma cadeira, perdi o alibi "racismo". Todos os manos que chumbavam podiam utilizá-lo, enquanto que a mim restava-me o peso de ser o único preto burro da escola!!
"Lá vai o Zé à revisão de prova coitado... O Prof não o curte por ser de côr, deu-lhe um 6 vê lá tu. Aquele que vai ao lado dele é o Vítor, o preto mais burro da escola! Nem com um pai branco se safou. Teve 9".

Para mim o racismo foi inventado. Não passa de uma forma carinhosa dos meus amigos brancos se referirem a mim, não passa de um motivo de chacota, não passa no fundo de um mito urbano.

Uma vez fui a uma entrevista, e estava lá um rapaz de Angola, que simpaticamente se dirigiu a mim no fim. Íamos para o metro, e por isso fizemos o caminho juntos. E as conversas vão inevitavelmente pelo mesmo sítio: "És de onde?"... A resposta, no meu caso é português, há uma certa desilusão do outro interlocutor e eu consigo ler-lhe os pensamentos: "Foca-te na côr, o gajo é tuga, mas podia muito bem ser um mulato verdadeiro!!".
Bom, conversa puxa conversa, e ele começa a dizer que tem a certeza que não fica com o lugar porque é preto, e "Tu já sabes como é, já deves ter passado por isto", e eu respondo "Pois, pois", enquanto na realidade estou a pensar:
"Mas de que raio está este gajo a falar?? Ele não vai ficar com o lugar porque adormeceu lá dentro na entrevista de grupo!!!!". Bolas, permanecer acordado na entrevista poderá ser condição «sine qua non» para conseguir empregos, digo eu!!!

Agora há malta que vai ler isto, e vai dizer que eu sou racista para com o meu próprio povo e que não respeito as origens. A esses eu digo: A miúda do post da ida à praia que não parava de falar da sua menstruação... ERA BRANCA!!!
Portanto, isto não faz de mim racista. Quanto muito fará de mim parvo ou até mesmo palhaço, mas nunca racista.

A conclusão é: Se estão a pensar adormecer em entrevistas, chumbar constantemente em exames, ou falar-me do vosso ciclo menstrual na praia... Eu não vou querer saber da vossa côr da pele, e vou usar-vos para me rir à vossa custa. É o quão parvo eu estou disposto a ser, para me divertir.

Thursday, May 24, 2007

Abel e Jessica

Aqui nunca se fez plágio... mas esta história deu-me tanto prazer que... Meus amigos, vou contar aqui uma história que não é minha!! A história de... Abel e Jessica, por Allan e Barbara Pease:

"Abel e eu decidimos encontrar-nos no nosso restaurante favorito para jantar no Sábado à noite...
Abel foi ao futebol com os amigos nesse dia, e eu diverti-me imenso com as minhas amigas que já não via há bastante tempo, desde que comecei a namorar com o Abel.
Rapidamente fiquei sem tempo e cheguei um bocadinho atrasada ao restaurante. Eu sabia que seria um jantar romantico; sentia-me excitada, e estava mesmo ansiosa por ver o Abel.
Quando cheguei, ele estava lá sentado, olhando pela janela. Pedi desculpa por ter chegado atrasada e disse-lhe que havia tido um dia formidável com as amigas. Para além disso mostrei-lhe o que lhe tinha comprado - Uns botões de punho para o fato que ele ia levar ao jantar!!! Ele murmurou "obrigado", pô-los no bolso e ficou ali simplesmente sentado sem dizer uma palavra.
Achei estranho, e eu pensei que me estava a punir por ter chegado atrasada. A conversa ao jantar foi tirada a ferros, ele parecia estar a um milhão de Km de distância. Decidimos tomar o café em casa, e a viagem de carro foi feita em silêncio absoluto. Agora tinha a certeza que havia um problema sério. Comecei a dar voltas à cabeça para descobrir o que seria e até já tinha algumas suspeitas, mas em casa serio o lugar perfeito para falar nisso.
Assim que chegámos ele foi direito à televisão, ligou-a e ficou a olhar para o vazio. Os olhos dele diziam claramente que estava tudo acabado entre nós!!! E as minhas suspeitas confirmaram-se: Ele tinha outra mulher e eu até já sabia quem era. A Daliala, uma serigaita que trabalhava com ele e ia sempre de mini saia!! Eu bem via como ela balanceava as ancas quando passava por ele, e ele devia pensar que eu era idiota, por não reparar na forma como ele olhava para ela!!!!! DEvem pensar que sou cega! Fiquei 15 minutos sentada com ele, mas ao fim de 15 minutos não aguentei mais e fui para a cama. 10 minutos depois, o Abel veio ter comigo e começou a dar-me mimos. Não resistindo aos meus avanços, acabámos por fazer amor. Mas logo a seguir virou-se para o lado e adormeceu! Fiquei acordada horas e horas de tão aborrecida e ansiosa que estava! Sem dúvida que o fim estava próximo.
Prometi a mim própria que no dia seguinte o confrontaria com a situação e o obrigaria a dizer-me a verdade! Quem é esta outra mulher? Ele ama-a, ou é apenas um flirt? Porque é que os homens simplesmente não conseguem ser verdadeiros?? Assim, não posso continuar a viver com ele...

Aquilo em que Abel estava realmente a pensar nessa noite: A selecção perdeu... MAS AO MENOS DEI UMA BOA QUECA..." .

Allan e Barbara Pease, in "Porque é que os homens mentem e as mulheres choram?"

Saturday, May 19, 2007

It´s tough being the king

Bom, hoje passei mais um diazinho na praia. Escolhi um excelente dia para o fazer, no fundo é optimo podermos relaxar, ou podermos querer relaxar na praia.
Só que depois, chegamos à praia e somos confrontados com toda uma série de questões com as quais realmente , ou não estamos preparados para lidar, ou não queremos lidar, ou desejávamos não ter que lidar, ou então qualquer coisa a ver com lidar, só para poder escrever a palavra lidar mais uma vez e assim deixar bem claro que o problema são questões, e termos que lidar com elas. Uffff. Quem ler isto e disser que entendeu poderá estar no bom caminho para dizer que me entendeu.

Enfim, começo por lá chegar com a minha bolinha debaixo do braço, ponho a toalha no chão e, qual não é o meu espanto , quando vejo que sem querer estou seguidor de uma nova moda que rebentou sem se fazer anunciar : Os homens que vão para a praia com uma bola!!
It´s the new trend! Os homens vão para a praia com uma bola debaixo do braço!!! Vão, chegam, sentam-se, alguns deitam-se e põem a mão por cima da bola!! Nesta altura sinto-me um pouco parvo e começo a enterrar a minha bola... Depois decido pô-la debaixo da toalha para fingir que é uma almofada. Nunca gostei de modas, e naquele momento senti-me algo padronizado. Depois começo a pensar naquilo, e tudo me começa a fazer algum sentido. A bola não fala, não nos pede para ir à àgua, não nos pede para lhe darmos massagens, não se importa se olharmos para outras bolas, e inclusivamente se fôr tratada a pontapé... AGRADECE! Percebe o seu propósito.
Não desenterrei a minha bola, é um facto, mas percebi naquele momento a sua utilidade. A sua mais valia, por assim dizer. E reparei que todos os homens acabaram por ir à àgua, sem precisarem de ter um tempo definido para o fazer. Outros rapazes que levavam miúdas (um ou dois) estavam com um ar cansado, sempe a fazer piscinas para cima e para baixo, a receberem indicaçõe ssobre quando tinham que ir à àgua nadar, quando voltavam queriam descansar mas não dava, porque era hora da massagem e depois tinham que ir ao bar buscar um geladinho. Olhei para eles, vi-os cansados e decidi... Hum... Ok, vou desenterrar a minha bola e vou dar uns toques.

Estou a pensar nisto quando chegam duas pessoas que conheço, rapaz e rapariga, acompanhados de uma outra rapariga que não conheço, num encontro perfeitamente ocasional, que me leva a comentar: "Epá, se fosse combinado não saía melhor" - enfim aquela converseta que se faz sempre, quando encontramos alguem que realmente não queremos encontrar, mas parece mal ficar calado, porque as pessoas já se estão a acomodar ao teu lado.
Falo com aquelas personagens, e dois minutos (atenção que são dois minutos, nem mais, nem menos) depois de estarmos a falar sobre esta trivialidade, há um momento de silêncio e de repente a pessoa que não conheço de lado nenhum diz algo como: "bla, bla, bla, estou com o período, bla, bla, bla"...
Era a segunda vez que me acontecia hoje. Uma pessoa que não conheço e com quem praticamente tinha que falar por obrigação ou simpatia, vem e refere o seu ciclo menstrual. Quão despropositado é isto? É óbvio que devo ter feito uma cara esquisita, e então ouço:
"Ah, tb te incomoda falar do período?"... Respirei fundo, comecei a olhar para a minha bola, e pedi-lhe desculpa por alguma vez a ter enterrado. E digo:
"Não posso negar, que talvez me tenha passado pela cabeça que era um pouco cedo para discutir ciclos, mas... Ok. Não nos vamos chatear por isso".
O que é que quer dizer quando alguém que não conhecemos nos conta o seu ciclo menstrual? Não consigo descodificar esta mensagem. Não consigo entender a mensagem, não consigo conseguir nada com relação a isto.
Era mesmo altura de ir dar uns toques.

Olho em frente e vejo 3 ou 4 miúdas em topless... Ora aqui está uma moda que estou capaz de aceitar. E uma bola não faz aquilo. As mulheres demonstram estar cada vez mais à vontade com o seu corpo, no fundo quase tão à vontade como os homens estão relativamente ao corpo das miúdas. O que se calhar ajuda a explicar a facilidade da introdução do assunto "Período", sendo que enquanto homem mais facilmente aceito uma miuda sem top do bikini do que uma que queria discutir comigo o seu periodo. E acho que masculinamente falando, isso é unanime.

Bom, chega a hora de vir embora, e dou com o meu carro vandalizado. Portas abertas, porta-luvas aberto, coisas remexidas, fechaduras rebentadas. Primeira reacção: "I better investigate!!!!". Segunda reacção, fúria!!! Começo a olhar à volta, a ver se vejo alguém, como se quem quer que tivesse feito isto, ainda fosse estar por perto à minha espera!!! Era o regresso da postura "I better investigate".
- "quem fez isto?!?!?!?"
- "Epá, fui eu mano! Desculpa"

Por fim, resignei-me. Porque era um cenário impossível de resolver. Congratulo-me por ter tido a leveza de espírito de levar a carteira e tudo o que valor tinha, comigo para a areia. Olho para a placa que diz "Praia do Rei" e penso:

"Saqueado na minha própria praia"...
Estava de tronco nú, com o carro vandalizado, o que conferiu um novo significado à expressão "O rei vai nu"!! Vai nu, e com o carro vandalizado. Mas é o rei na mesma, olha que porra!! É duro ser o rei, mas alguém tem que o fazer...

Friday, May 18, 2007

Au, au, au... auuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

Porque é que sempre, mas sempre, que vemos alguém com um cão enorme no meio da rua e pensamos sequer em atravessar a estrada, porque o cão mete medo, e não quremos ser daquelas pessoas com marcas de cão na cabeça, o dono se apressa a dizer:

"Ah, ele não faz mal!!"...

Acho sempre piada a estas situações. No outro dia estava na rua, passo por um cachorro que tinha uma cabeça do tamanho de uma bola de basketball, com a língua de fora, a olhar para mim com uns olhos rasgados como que a dizer : "Hum... Pizza...". Obviamente receei. Não tive medo, porque um homem nunca tem medo, mas pronto, senti receio. Leve, mas senti. Os donos dos cães acham mal. Parece que é como se estivéssemos com medo deles próprios, levam a situação a peito. E a dona apressa-se a dizer, num extraordinário golpe de contra-ataque:

- "Passe, passe, que ele está cheio de medo".

Fantástico golpe!!!! Extraordinária desenvoltura!!! Eu, Vitor Antunes, o chamado Vantunes, meti medo a um cão que tem uma cabeça que se rolasse sozinha sem as quatro patas, estaria a ser lançada a uma tabela. Ripostei timidamente:

"Ah ele é que está com medo??"

E tive vontade de ir mais longe e pedir: "Diga-lhe que eu não mordo, e peça desculpa. Saí de casa à pressa e não tive tempo de pôr o açaime!!".

Se os cães nunca mordem, e nunca fazem mal... quem foi o idiota que inventou o açaime?? E mais, quem são os idiotas que o compram?? Anda por aí malta, com cães com açaime na boca a dizer que os seus cães não mordem... Hum... não sei porquê, mas não acredito.
É como o ladrão, que está no carro da polícia com umas algemas e diz: "Eu sou inocente!!!". Até pode ser, mas naquele momento em concreto, por mais inocente que seja, não é lá muito credível. E a credibilidade é 90% de tudo.