Mas eu estou bem de saúde??

A medicina evoluiu... as coisas já não são bem como antigamente. Digo isto a propósito dos exames para a medicina do trabalho que fui fazer... Sou só eu, ou os senhores e senhoras que nos dão as consultas querem saber coisas que nem os nossos melhores amigos sabem?

Chego ao local, às 8 da manhã e sou recebido da seguinte forma:
"Trouxe a primeira urina da manhã?"... Eu não estava à espera daquela pergunta... não me preparei convenientemente... Esperava algo na ordem do típico "Bom dia!", e depois sim seguido do "Trouxe a primeira urina da manhã?"... Porque se eu vou ter que dar a minha primeira urina da manhã (que para mim devia ser como o código do multibanco - Pessoal e Intransmissível) para a mão de alguém, é bom que no mínimo essa pessoa queira que eu tenha um bom dia. Acho que não estou a pedir demais.

Bom, após chamar a atenção para esse facto, lá recebo o "Bom dia!", logo seguido de: "Fuma Haxixe?"...
"Agora não, desculpe... estou em jejum!" - e nesta altura apercebi-me que os médicos do trabalho... epá, não têm sentido de humor. Ainda estava a encaixar a falta de aceitação do meu comentário espertinho, quando recebo mais dois misseis:
"Porque é que é calvo? E o Ipod é para quê?"...

Jesus!!! Tanta pergunta... Será mesmo necessário sermos íntimos a este ponto? A única coisa que eu estava disposto a investir naquela relação, era a minha primeira urina da manhã... Tudo que fosse para além disso, era um compromisso que eu não estava disposto a assumir. Lá respondi, que era calvo por vaidade, e recebi uma consideração ao meu aspecto:
"Hum... é melhor deixar crescer!" - e isto para bom entendedor...

Lá continuamos: "Tire a camisa... tem dentes estragados?"... E eu pergunto-me: Qual é a relação... serei eu do ponto de vista da beleza tão fora dela, que... quando me vêem de tronco nú, se lembram de dentes podres?
Mas os médicos não ficam por aqui... depois atacam a família: "A mãe e o pai... saudáveis? Sim?"... respondi que sim, mas que na família do meu pai havia história de problemas do coração, e aí ela começa a desejar-me mal: "Então desculpe, mas o pai não é saudável. A mãe é, o pai não...".
"Ok. Você é que é a doutora. Não vou discutir isso consigo"... sorri, para criar empatia... Não funcionou.

"Vista-se"... seguido de: "Vai assim? Ajeite a camisa!!". Na hora da despedida, vem a parte filosófica:
"Dois conselhos para o dia a dia: Olhe para o infinito e mexa os dedos dos pés"...

Com isto tudo... não percebi uma coisa: Mas eu estou bem de saúde ou não? Mas já segui um conselho, mexi os dedinhos dos pés e pus-me a andar dali para fora.

Peço desculpa, Para que lado é o...

Pois bem, dizem as senhoras que é tipicamente masculino nunca pedir indicações.
Claro que isto não podia ficar por aqui, associam isto a uma mania de que sabemos tudo, e que achamos redutor ter que perguntar a alguém aonde estamos. Pois muito bem, nada mais errado.

Os homens têm de facto uma particularidade, mas essa não é a de pedir indicações, é quanto muito a de atender ao ditado popular que reza da seguinte forma:
"Gato escaldado de água fria tem medo"!! - Ditado este que não deixa de ser curioso, porque acho que nunca houve nenhum gato que tenha sido escaldado e depois sobrevivido para ter medo de àgua fria... Mas isso já são outros quinhentos, e ainda assim observamos com atenção esta máxima.

Os homens quando estão com miúdas, evitam pedir indicações, não porque queiram impressionar com o seu sentido de orientação, mas antes porque sabem apenas tão bem o que lhes pode suceder.
1- A miúda vai instintivamente querer assumir a condução, dando ordens secas e rápidas: "Direita, aqui!!".
2- A miúda vai reforçar de cada vez que nos enganarmos e exagerar rapidamente nas consequências: "ERA AQUI!!! AQUI!!! ÉS INCRÍVEL!! NEM COM AJUDA... Agora nunca mais lá chegamos!! Da próxima peço eu as indicações!!"
3- De repente a culpa vai passar a ser de quem pediu as indicações e nunca de quem as deu: "É demais... é que tu nem sabes pedir indicações!!"...
4- De seguida vai avançar soluções: "Pára aqui, vou perguntar o caminho para o sítio aonde pedimos indicações da primeira vez... pode ser que o velhote ainda lá esteja. Desta vez falo eu com ele"

Não vale a pena pensar que se acharmos o caminho seremos poupados, porque a resposta vai ser:
-"Já viste o tempo que demorámos, por termos seguido as indicações à tua maneira?"...
Ou então, se lhe passamos o comando:
-"Vê lá se desde que começaste a seguir as minhas indicações, não nos pusémos aqui num instante".

Há pouco falei de gatos, agora digo que não interessa se temos o cão, ou se não o temos... porque vamos presos na mesma. A partir do momento em que pedimos indicações com uma miúda ao lado, há um defeito que herdamos para sempre: O péssimo sentido de orientação, que faz com que elas cheguem SEMPRE atrasadas (mesmo que só se saia com elas uma vez e não se volte a repetir)...
Rapazes, não tentem isto em casa, a não ser que sejam profissionais treinados.

O poder da música

Acabaram oficiosamente as minhas saborosas mini-férias. Agora só em Fevereiro é que voltamos a falar...
E ontem constatei uma coisa interessante: Já repararam como muita gente fica constrangida nas discos quando toca o Y.M.C.A.? Aliás, há dois sons que colocam questões a quem os ouve, e que a generalidade das pessoas não está preparada para responder:
1- Y.M.C.A
2- It´s Raining Men

Eu acho que forma como abordamos estas músicas, dizem um pouco de nós. Normalmente as pessoas adoptam uma das seguintes duas posturas:
1- Ou dançam efusivamente, como se não houvesse amanhã
2- Páram completamente de dançar, olham para o ar, comentam para o lado "Que som mais gay"...

E a verdade é que tanto uma postura como a outra indiciam coisas. É estranho para mim ver um gajo aos pulos, a fazer a coreografia do YMCA, a gritar que estão a chover homens, e a acabar com um sonoro "Aleluia" em sinal de apreciação de tal precipitação... Não vou mentir a ninguém, o gajo que faz isto assim tão naturalmente... é roto! Não vou estar com meias palavras. É roto e gosta. O que é estranho. E sem desrespeito para com os rotos... é aceitável ser-se roto, assim como o é não o ser. A esta postura chama-se "sair do armário", digo eu.
Por outro lado, ver um tipo a parar de dançar, olhar para o lado, encolher os ombros, dizer que não gosta e depois nós olharmos para baixo e vermos os pézinhos dele a mexer... Hum... Estamos a querer esconder qualquer coisa, não? Estamos a falar da evidente personificação de Conflitos Internos. Será alguém que não quer aceitar muito bem o que sente, não? A esta postura, chamar-se-á então "Entrar no armário".

Ontem os dois sons passaram seguidos, e foi um corropio. Uns entravam no armário, outros saíam do armário (normal, dirão vocês, não podiam caber lá todos)... Mas o que era inegável, é que eles estavam lá.
A Música tem um poder extraordinário, não tem?

Todos diferentes?!?! Todos iguais!!!!!!

Ando com tempo, não vou negá-lo... escrevo por tudo e por nada, e isso é bom para este blog. Bom, estava para aqui a ver uma reportagem na televisão sobre racismo, e epá... propus-me a pesquisar sobre o tema.
Porque não? Ele existe, não sou eu que vou ignorá-lo, certo? Aliás, quem sou eu para ignorá-lo?


Pesquisei no google, apanhei uns sites banais, e de repente dei com um que me chamou a atenção. Dizia:
"Amigos, sem distinção de côr ou credo"... Isto é bonito. Decidi então ir ver, mas pelo título já tinha ideias pre-definidas do que ia encontrar.
Aliás, peço a todos que façam o mesmo exercício. Imaginem algo que ilustre esta bela frase.

Já tá?? Ok, então agora vamos ver o que encontrei:

Confesso que fiquei desiludido... estava à espera de ver algo branco, que não a igreja ao fundo. Afinal, não se tratava de uma campanha de sensibilização, como dizia o site... Era uma descrição clara e óbvia do que se vê nesta foto: Um grupo de amigos, que não têm qualquer distinção de côr e que a julgar pelo local onde estão, têm todos o mesmo credo.

Esqueçam a parte do "Todos diferentes", porque o que conta aqui é o "Todos iguais".

A descrição é louvável, sobretudo pela sua exactidão, mas não apela à união entre as raças, pois não? O criador da campanha estava longe de ser um génio, digo eu... Tinha boas frases, mas claramente não foi ao cerne da questão. Eu pelo menos não me sentiria mais seguro a passar por um grupo de Skins que tivesse visto esta foto...
A foto é bonita, mas... falta-lhe um pouco de branco.

É para o céu, por favor...

Fui sair com um amigo, o qual me começou a contar as suas aventuras ou desventuras amorosas. E nós homens, por vezes exageramos neste aspecto. As miúdas exageram na maquilhagem, nós nas aventuras ou desventuras amorosas. Faz parte da natureza de cada um, não vale a pena combater isto. As coisas são como são, vamos aceitá-las e conviver em harmonia - dentro da medida do possível. Vocês podem ter a vossa maquilhagem, nós as nossas histórias.

Bom disse-me então o meu amigo, de uma forma masculinamente adornada:
- "Conheci uma miúda. Era taxista. Estávamos no fim da noite, entrei no táxi só vi um rabo de cavalo e uns enormes olhos verdes. Virou-se para mim e perguntou-me para onde era e eu respondi: "Para o céu"... Grande taxista. Ainda saímos, mas o que ela queria eu não lhe podia dar..."

A isto respondi:
-"Então, o que é que ela queria? Gasolina mais barata?".

Que cheiro é este?

Sou um jogger. Abandonei a competição amadora por falta de tempo, e agora a minha actividade física resume-se a ser um jogger.

E ser um jogger tem que se lhe diga. Vemos de tudo: Cotas que nem estão qualificados para andar equipados a rigor para correr; Malta que se reune em grandes grupos para manter a forma; pessoal que corre com o cão.

Tudo em nome da saúde física. E como os olhos também comem, nada como manter a saúdinha... é muito importante.

Eu sou daquelas pessoas competitivas. Quando estou a correr, estou sempre a olhar para o gajo que vai à minha frente e a tentar chegar-lhe o mais depressa possível. Por isso, não vou propriamente devagar (pelo menos, não na minha cabeça) - levo aquilo a sério! Agora é o meu momento de competição. Ontem verifiquei que tinha um casal 200 metros á minha frente, e pensei "Acelera Vantunes, vais apanhá-los"! Assim que acabo de o pensar, já os tinha alcançado. Eles vinham devagar. Passei pelo lado da rapariga e a fragância não enganava ninguém. Era um encontro romântico sob forma de preocupação com a actividade física.

Continuei, e aliás, cheirava tão bem que quis foi pirar-me dali o mais depressa possível antes que reparassem que havia cometido o ultraje de ir correr sem pôr perfume. Na volta seguinte, os mesmos personagens...

Entrei em pânico, e pensei em desacelerar. Não queria comparações embaraçosas, mas olho para trás e vejo um grupo de velhos que rapidamente se aproximavam. Não me podia sujeitar a essa humilhação competitiva, e então acelerei. Que se lixe a humilhação higiénica... No fim de contas estava a exercitar-me e não a passear. Pelo sim pelo não, quando passei por eles fui pelo lado do rapaz e... MEDO!!! Um cheiro a suor incrível!!

E agora pergunto eu: Quem é que no seu perfeito juízo combina ir fazer jogging com uma miúda que corre mais que nós, e que ainda por cima vai perfumada quando sabemos apenas tão bem que tresandamos quando fazemos exercício. Nessa volta decidi que da próxima ia passar pelo lado da miúda! E fui colocando a hipótese de falar com eles... o que eu queria saber era: "Quem convidou quem??". E no fundo queria dizer à miúda que já que cheirava tão bem, poderia dar umas dicas ao rapaz. No fim de contas queria fazê-los ver que nem tanto ao mar, nem tanto à terra... no meio é que está a virtude!

Mas o mais importante é que também por aqui se vêem as diferenças entre homens e mulheres: Sempre ouvi dizer que as mulheres gostam do cheiro a suor, o que é lamentável porque a maioria dos homens não o suporta, o que facilmente se atesta pelo dinheiro que as miúdas gastam em perfumes. No meio disto tudo, ficam a ganhar os manos com falta de higiene que não se importam e nem se apercebem que cheiram mal.

Se eu tivesse que escolher entre ser virgem ou cheirar mal para impressionar alguma miúda... 500 vezes a virgindade!!! Mas isso sou eu.

Yoga... já experimentaste? Anda daí...

Sou como toda a gente, influenciável por todos aqueles que me rodeiam, sobretudo aqueles que me dizem muito. Penso eu, que se me dizem muito, é porque eu sou um pouquinho como cada um deles. Bom, a Yoga anda em voga entre os meus vários grupos de amigos.

Comecei a investigar junto de alguns deles, o porquê deste fenómeno, e a resposta que mais vezes obtive foi: "Relaxa-me"... Alguns disseram que faz com que concentremos energias no que realmente é importante. Que ficamos mais focados no que é realmente importante (há sempre alguém que vai um pouco mais longe)...

Investiguei então, e chamo a vossa atenção para a imagem que se segue:

Eu não sei o que é que vocês pensam... mas este senhor não me parece relaxado, nem me parece que esteja a concentrar energias no que poderá ser realmente importante... Aliás, acho que se ele tiver que rapidamente caminhar em direcção de algo que seja importante, fá-lo-á de um modo muito pouco ortodoxo. Posto isto, comecei à procura de alguém que realmente interpretasse o meu conceito de relax... e eis que me deparei com o seguinte:

É um esquilo a relaxar... E para quem não sabe, os esquilos são animais nervosos... Mas este parece realmente estar tranquilo como um esquilo. Com a sua cervejinha, a tratar de negócios.

Eu já estive nervoso antes, e fui forçado a relaxar. E a minha abordagem, esteve longe de ser a que se segue:

Eu acredito que isto nos abra a mente, sobretudo se batermos com ela no chão com alguma força. Poderemos até precisar de pontos. Outra coisa que eu acho que isto me abriria, seriam provavelmente as virilhas. Parece que já as estou a ouvir... Eu sempre que precisei de relaxar, tentei não adoptar uma posição em que o sangue corresse no sentido contrário ao que foi definido pela lei da gravidade. E às vezes funcionou.

Bom, independentemente disto tudo, e porque não gosto de ser um fala-barato, vou aderir momentaneamente a este movimento. Vou fazer Yoga, anuncio ao mundo!!! Amanhã vou à Decathlon comprar um kit Yoga (custa 20 Euros, já investiguei). Porque se isto relaxa uma pessoa, e nos abre a mente, então eu passo a acreditar em milagres. E tenho que dar a mim próprio uma chance disto acontecer. Não percam as cenas dos próximos capítulos. Até porque se não funcionar, nada me impede de fazer como o esquilo.

Beijinhos e abraços e até breve.

Os Apaixonadinhos

Ao longo dos tempos aprendi que existem diferentes sentidos de humor. Vão haver pessoas que se vão rir de algumas coisas que dizemos, vão haver pessoas que não vão achar assim tanta piada, mas que se vão rir de outras... Enfim, é a já muito badalada fase em que esbarramos na impossibilidade de agradarmos a troianos e malta que nasce na Grécia.

Mas há uma situação em que parece que tudo tem piada: Os apaixonadinhos... Não há como um casal de apaixonadinhos para nos fazer colocar tudo o que é o humor em perspectiva. Pronto, tudo bem que eu sou um ressabiado, acho que posso assumi-lo com frontalidade... Mas acho que é unânime que os apaixonadinhos irritam.

Tudo tem piada! Falo mesmo naquela fase do inicio, em que tudo é cor de rosa. Os apaixonadinhos (acho que é justo criar uma categoria para inserir estas pessoas) riem-se das maiores desgraças! Tudo, desde o caso Casa Pia, até ao desaparecimento da miúda no Algarve, passando pelo 11 de Setembro, e pelo explodir da estação de comboios em Castela, e acabando no rebentar do Discovery em pleno ar, e na transmissão televisiva do enforcamento do Saddam... Tudo, que para nós comuns mortais poderia ser encarado como uma fonte de consternação... para os Apaixonadinhos é algo que dependendo do ponto de vista pode ter piada!!! Pode ser giro! Às vezes dá para gargalhar...

O Cupido é a maior fonte de boa disposição do mundo. E sempre que vejo alguém que acabou de ser atacado pelo Cupido... francamente, sou acometido de requintes de malvadez. E porquê, perguntam vocês?

Basicamente, porque sei que o que quer que o Cupido anda a besuntar na pontinha das suas setas... Bem, no fundo acaba por ter a duração de uma injecção de morfina. E no fundo pensamos: Ri-te agora que a morfina está a fazer efeito, porque depois vai deixar de ser giro lavar a loiça, ir deitar o lixo à rua, vais voltar a ter vontade de sair com os amigos/amigas, e... surpresa das surpresas, passear o cão vai deixar de ter graça, principalmente se fôr à hora marcada!! Sim, porque muitas vezes estar apaixonado, significa termos horas marcadas para fazermos coisas que não gostamos de fazer. É tipo a aula de matemática, mas sem números a conferir-lhe exactidão.
Quem não esteve apaixonado, certamente já foi operado e sabe do que falo. É a mesma coisa!!! Eu já passei pelos dois. Não há pior do que estar numa cama de hospital cheio de dores e ver o gajo do lado levar uma injecção de Morfina e virar-se para nós e dizer: "Calma com o barulho, estou a tentar dormir. Tenta manter a calma. Isso resolve-se"... O nosso único conforto é anteciparmos o cenário que se irá verificar meia hora mais tarde. Ou então, pensar em meios de conseguirmos chegar à tomada e desligarmos a máquina... Adiante.

Enfim, os apaixonadinhos irritam por não perceberem que é impossível tudo ter piada na vida. Vêem um filme, riem-se. Não vêem um filme, riem-se. Comem, riem-se. Não comem, riem-se na mesma... Aonde é que está a coerência no meio disto tudo? Alguém uma vez disse que "Diferentes acções, provocam diferentes reacções nas pessoas", e esta teoria foi consagrada ao longo dos tempos como sendo uma verdade irrefutável... Isto até aparecerem os Apaixonadinhos, claro está.

Ó Táxi!!!! TAXIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!! Isto não é um táxi!!

Já há muito que não andava de táxi... Mas confesso que é sempre uma experiência a recordar.
Dos taxistas há um mito, que até hoje, ainda nenhum mortal conseguiu quebrar:
1- Ou são da Europa do Leste
2- Ou são do Benfica

Eu confesso que sou daqueles meninos que gosta de brincar com os taxistas. Aliás a minha consituição genética leva-me a isso, porque toda a gente sabe que um negro num táxi é um alvo para aquela converseta do costume:
"Então e de onde é que você vem amigo?"...

As minhas opções são claras e estão à vista de qualquer um. Ou avanço eu com um tópico, ou tenho que levar com o do costume, e depois eles não acreditam que um gajo veio de Portugal... E as conversas acabam sempre na existência ou não de BI Azul.

Bom, adiante. Mandámos parar um táxi e deparo-me com uma figura estranha... um tipo a fazer lembrar o Freddy Krugger, mas sem passar pela fogueira e que devia ter miopia (pelo menos a julgar pelos óculos... e porque a conversa dele não indiciava a existência de estigmatismo). Começa por nos dizer (a mim, e às beldades do costume) que não pode ligar o taxímetro... Olhámos uns para os outros, e acho que o sentimento foi comum: "Achámos uma mina de Ouro"!!!
- "Não se preocupe com isso amigo!!".

A meio caminho, este senhor lembra-se de dizer que para se ser rico, tem que se vender droga e a primeira coisa que me veio à cabeça foi a de dizer que não era preciso... de vez em quando bastava ligar o taxímetro. Como a viagem estava a ser agradável (e adivinhava-se que seria baratinha), decidi não o fazer.
Contudo, o rapaz continuava a falar-me em vender droga... de 5 em 5 palavras ele falava em droga. Inclusivé cheguei a dizer-lhe que tinha um amigo que tinha enriquecido em 2 anos, ao que o senhor me respondeu, muito rapidamente:
-"Então??? Vendia droga?!?!?"...

Procurei saber de onde ele era... estava claro que não era benfiquista, porque ainda não tinha feito nenhuma alusão ao Eusébio nem às taças dos campeões dos anos 60... E já tinham passado 15 minutos de viagem. A resposta surgiu pronta:
- "Bulgária!!"
Mistério desfeito... Um taxista do Leste. Despedi-me dele com um aperto de mão, e quando ia a sair do carro, perguntei se conhecia o Balakov, e ouvi:
-"O quê?? Droga?? Queres droga??"...
Decidi desistir.

No caminho de volta, mandámos parar um táxi. Um senhor pacato. Sem pronúncia... claramente não era do leste. Mas faltava-lhe o bigode, para poder carimbá-lo como benfiquista. Mas ainda assim decidi arriscar, até porque não havia muita conversa:
- "Então e o nosso Benfica?"...

Os olhos acenderam-se, o próprio carro ligou os máximos sozinho, e entrou em modo de auto-condução para que o condutor se pudesse debruçar sobre o que realmente era importante para ele: O SLB.
Sendo Sportinguista, comecei a picá-lo com a existência de americanos no clube, uma clara prova da subjugação do futebol ao capitalismo, e também com a liderança de um espanhol, uma prova de subserviciência ao poder castelhano... Um presidente com mão de ferro nunca o permitiria.
E o engraçado do taxista benfiquista... é que ele concordará com tudo o que dissermos! A conversa começou com o azar da eliminação na taça da liga e acabou com o habitual: "É bem feito!! Não correram, eles é que ganham o dinheiro! Não se sabe quem vai para que lado! A equipa está mal orientada!!!"... Ao que retorqui: "Mas por acaso foi azar"... e despedi-me com outro aperto de mão, os desejos de uma boa noite de trabalho e ainda:

-"Boa sorte para o nosso Benfica!!"
-"Bem precisamos!!"

Mais uma noite bem passada, em que adormeci com um sorriso nos lábios. Vale a pena ser feliz!