Thursday, December 13, 2007

A República!

Enfim, embarquei numa aventura. Quando saí de casa, fui ao quarto da minha mãe e olhei para ela com ternura. Sabia que ia encarar um grande perigo, e que poderia nunca mais voltar.
Pois é, sabia que ia ter que atravessar a Avenida da República!! Estive a semana toda a treinar-me para isso. Corri, fiz abdominais, flexões, treinei a potência... tudo a pensar neste dia.
Enfim, estou na dita avenida do lado oposto ao Campo Pequeno. Olhei para o dito recinto, benzi-me, e lá fui eu em direcção ao mesmo sem hesitar, como uma flecha!! Sabia que não tinha tempo a perder.

Meus amigos, os semáforos nesta rua mudam num piscar de olhos!!!! É incrível como numa avenida com 50 metros de largura, temos 5 segundos para atravessar a estrada!! Verde.... vermelho, aí vêm os carros!! E é aqui que começa a aventura. Sinto-me como se estivesse num daqueles jogos de computadores de plataformas, em que temos que andar para a frente e para trás a evitar obstáculos. A principal diferença, é que só tenho uma vida. Este talvez seja um bom jogo para gatos, mas eu de gato não tenho nada, muito menos as nove vidas... às vezes mio, mas é só por descontrolo emocional... Sabia que se fosse impulsionado por algum veículo em movimento, dificilmente aterraria em pé. Ainda por cima aquilo é uma zona chique!! Só passam lá bombas a alta velocidade de malta de escritórios com pressa para ir a reuniões, digo eu.

Sei apenas muito bem, que só alguém com uma boa preparação física consegue atravessar esta Avenida à primeira. Se o Francis Obikwelu treinar ali para os olímpicos, de certeza que não volta sem uma medalhinha! É o pára-arranca mais importante da nossa vida! Ainda se fosse a ritmo constante, era uma coisa... agora assim. Acelera, desacelera, desvia de carro, volta atrás. Trabalhamos tudo! Músculos e cérebro! Vamos pôr as coisas assim: O Arnold safava-se à justa, o Devito só saía dali à boleia do INEM.

Enfim, safei-me! Ia sendo atropelado por um táxi, mas num assomo de inteligência estiquei a mão e disse: "TÁXI!!"... Olhei para o gajo do leste que ia lá dentro e disse-lhe: "Dassvidania palerma", e atravessei o que restava a correr. Só com este instinto de sobrevivência se escapa ao encontro com o INEM nesta rua.

Depois de ter tentado atravessar esta avenida, compreendo as dificuldades da monarquia de há uns anos. É complicado resistir à República!

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