Italo- Indiano

Fui convidado para um jantar de aniversário - é verdade, queria que soubessem, ainda há pessoas a convidar-me para eventos, por mais figuras que eu faça e por mais vergonhas que os faça passar - e como sempre fui. Para além da pessoa me ser bastante querida, o jantar era num indiano e fiquei entusiasmado.

Nunca tinha ido a um. Já tinha aquelas histórias da comida que é super picante, que um tipo é obrigado a enfiar a cabeça num aquário de peixes indianos, a quem a malta do restaurante alimenta com caril (o que é péssimo para quem tem cabelo, mas como sabem isso não é problema para mim).

Bom, chego ao restaurante a correr (não porque estivesse atrasado, mas sim porque estava mesmo ansioso para lá chegar) - O nome era sugestivo : Indian Power!!!!
Qdo lá chego, constato que afinal era Indian Palace e que se tratava de um restaurante Italo-Indiano... Portanto, eu num italo-indiano, só podia dar asneira. Comecei logo a pensar em coisas parvas.
Olho à minha volta e só vejo indianos ( Ou como a malta diz qdo não está a querer ser politicamente correcta, Monhés - Já agora alguém sabe a origem desta expressão?), e sendo um Italo-Indiano lembrei-me logo de perguntar se, na eventualidade de escolher um prato italiano, aparecia outra pessoa para me servir. Alguém com um ar italiano. Não se confirmou.
Fiquei com a sensação que os empregados não me acharam muita graça, mas ainda assim seguiram religiosamente tudo o que lhes ensinou Muhatma Ghandi... Deram a outra face. Uns a sorrir, outros nem por isso. Ghandi está para os indianos, como o Eusébio está para Portugal - O marisco preferido dele tb era o tremoço! Não estou a brincar, é o ídolo. E assim como os indianos dão a outra face, o tuga resolve tudo ao pontapé.
Pensando bem, ainda bem que não havia italianos, porque ainda me faziam uma gravata Siciliana, como faria o grande ídolo lá da malta - Don Corleone.

Mas um Italo-Indiano é no mínimo um conceito novo... Tou a pensar abrir o meu restaurante Afro-Chinês, com manos de olhos rasgados a servir às mesas, ou então Chinocas de nariz grande e um afro. Os pratos poderiam ser Chao Min de Muamba, Cachupa na Chapa Quente, ou ainda um Funji Chao-Chao... Posso ficar nisto o dia todo!

Achei mal num restaurante Indiano ( ainda que parcialmente italo) não pusessem brancos a vender flores!!! Isso sim, seria uma inversão de conceitos!! Até porque se um gajo vê um daqueles sujeitos que vendem flores, corre o risco de pensar que é empregado e de lhe fazer o pedido, ou então de pensar que é o dono que faz anos e por isso recebeu umas flores.

Mas recomendo, claramente recomendo. Só achei mal, na secção das bebidas indianas estar a caipirinha (mas depois qdo vi um empregado brasileiro e monhé, percebi mais qualquer coisa sobre isso - o chamado brasinhé), o vinho do Porto (já me explicaram que é porque lá tb há barcos, e é no porto de Dili que se faz essa bela pomada) e o Gin Tónico... mas nem me atrevi a perguntar porquê. Se puderem vão, senão, têm sempre o número da telepizza para onde podem ligar.