Homens, há muitos

É verdade, somos muitos e diferentes. Mas o importante é vivermos com as diferenças de cada um.
Eu confesso que por vezes sou um pouco intolerante, mas ando a ver se me torno uma pessoa melhor e altero essa forma de estar. A semana passada tomei a resolução de não gozar mais com malta de franja e calças pelo joelho... Acredito que é um começo.

Pois bem, ontem fui tomar um cafézinho com 2 amigas e deparei-me com outro tipo de homem, o Engatatão de Mesa. Nada contra, uma mesa é um sítio tão bom como qualquer outro. Respect, não é por aí que nos vamos chatear.

Mas agora digo eu. É a velha questão. Eu estou numa mesa, com 2 raparigas, bonitas por sinal (tinha que dizer que tinha amigas bonitas), tenho 27 anos e 80 kg, posso portanto ser considerado crescido (certo?), logo poderá haver a remota possibilidade de estar com uma delas. Uma delas pode ser minha namorada, porque não (Ok, eu disse que eram bonitas, logo não era provável, epá, mas podia ser) ? Se uma delas, pode ser, logo a outra poderá não ser (tentem acompanhar-me que isto vai a algum lado)... e a minha pergunta é: Porquê arriscar? Há situações que não compensam.

Bom, aparentemente uma das amigas tem um sorriso mágico (eheheheh) que lhe traz dividendos desde os tempos de infância, e isto de facto eu desconhecia. O EM (diminutivo de Engatatão de Mesa) aproxima-se, ela pede uma imperial e um rebuçado. E ele diz: "Claro, com esse sorriso!!". Foi uma tirada clara, e ao bom estilo Seinfeld apetece perguntar :
"Como sabe que não estou com ela?"

Tipo, eu, negro, 27 anos, 80 Kg, às vezes até soluço... Mas achei piada, sobretudo quando o homem trouxe a fábrica da Cadbury para cima da mesa. E como achei piada e sou um GM (Gozão de Mesa - nem todos podemos ter as mesmas características), ri-me e a cada oportunidade que tinha dava o mote à amiga: "Pede tu, que contigo ele é mais simpático".

Vou a pedir a conta, e o rapaz pergunta-me qual é a mesa (como se não soubesse) ao que eu tenho que responder:
"É aquela!",
"A redonda?",
"Não, a outra",
"Da janela?",
"Não, é a mesa dos rebuçados" - e ri-me simpaticamente. O amigo ao lado, tb achou piada e inclusivé foi ele que levou a conta à mesa, com mais uns 20 rebuçados (que eu comi praticamente todos). Pensava que tínhamos feito as pazes, eu demonstrava para além do sentido de humor aguçado, algum fair-play, e era compensado com comida - o que é óptimo.

Fomos pagar, uma das amigas paga primeiro, eu vou a seguir e o EM pergunta com um ar sisudo:
"Paga os dois?"... A minha resposta foi "Nãããão". Mas um não, do género, "Ai agora já pago os dois? Seremos um casal? Agora somos um casal??? Não, não somos". E mais uma vez tive direito a um seco "Boa noite", mas só dirigido a mim. Passei de invisível, para omnipresente, mais para único Vértice do Triangulo das Bermudas, aonde desapareceu misteriosamente o sorriso do EM.
Procura-se e dão-se alvíssaras (ainda sobraram 2 rebuçados).