Wednesday, March 12, 2008

Tou-me a rir? Não me deve estar a ver rir pois não?

Tenho andado a reparar numa tendência estranha das pessoas que trabalham em locais onde tenham que atender clientes. Refiro-me a restaurantes, papelarias, supermercados, enfim... escolham o estabelecimento vocês, porque o comportamento, será sempre mais ou menos o mesmo.
Estas pessoas têm indicações para serem simpáticas com os clientes. É por isso que muitas vezes nos recebem com rasgados sorrisos, mesmo sem nos conhecerem de lado nenhum. Até podemos ir a uma farmácia, comprar qualquer coisa porque estamos realmente mal, que a pessoa que lá estiver com a bata vai-nos receber com um enorme sorriso. Não, não está a gozar com o nosso estado, está só a cumprir ordens. E a ordem é clara: Riam-se para os vossos clientes.
Pois bem, esta atitude, contagia... Chegamos a um sítio, somos recebidos com sorrisos, alguns chegam ao ponto de brincar connosco como se fôssemos crianças e isso como é óbvio, liberta o juvenil que há em nós. Até porque naquela altura estamos a pensar em como é excelente ter ali alguém que gosta de nós logo à primeira vista, que se ri para nós e que nos faz rir. Isto faz-nos sentir bem, e como é óbvio, faz com que praticamente nos sintamos na obrigação de retribuir.

Pois minhas senhoras e meus senhores, esta é o pior erro que podemos cometer quando estamos a ser atendidos em qualquer estabelecimento. Façam-no e percebam o que quero dizer. Como agora não tenho tempo para esperar que o façam, vou-vos já dizer o que vos espera: O humor do atendedor de público vai desaparecer instantaneamente. Naquele momento, ele passa de humorista a mágico!! A boa disposição desaparece num ápice.
É como se o humor, fosse um exclusivo da pessoa que está por detrás do balcão. No fundo, os atendedores de público sentem-se como se estivéssemos a tentar fazer o trabalho deles.
Ou então a formação que têm para sorrirem para os clientes, não contempla o facto do cliente poder retribuir e é aí que nos apercebemos que tudo não passa duma fachada, um esquema para simular simpatia. Lembram-se de quando éramos miúdos e íamos chamar alguém para ir brincar e vinha mãe ao intercomunicador e dizia, "Ele não pode ir brincar. Tá de castigo"? Pois é isso que temos que fazer quando os lojistas nos tentam fazer sorrir. Temos que pôr os nossos dentes de castigo e não os deixar espreitar cá para fora sob a forma de sorriso. Isto se não quisermos de repente ser confrontados com uma má disposição que não percebemos de onde vem:
-"Mas de onde vem esta antipatia, ainda agora estávamos aqui ocupados a ser simpáticos um com o outro..."
-"Não me estou a rir pois não? São 10 euros e 53 cêntimos, por favor".


As coisas estão segregadas e claramente definidas: Nós temos a intenção de compra e o dinheiro para pagar; Eles são senhores das mercadorias e da boa disposição. Não tentem entrar em território alheio, porque no fundo também não achariam piada se chegados à caixa, fosse o lojista a pegar na vossa carteira e tirasse o dinheiro para pagar, não é?

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